sexta-feira, 12 de outubro de 2012



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AO CONTRÁRIO DAS ONDAS
                        de URBANO TAVARES RODRIGUES
Santa Iria de Azóia, 13 de Janeiro de 2007 – Urbano Tavares Rodrigues é um dos mais prolixos e generosos autores portugueses. Tem uma obra com dezenas e dezenas de títulos, no domínio da ficção narrativa; traduziu e prefaciou livros de muitos autores; leu e ensinou a ler, enquanto crítico e académico, um sem número de obras. É um daqueles portugueses raros, a quem o país nunca pagará o trabalho, a imaginação e os agravos.
     Li de UTR AO CONTRÁRIO DAS ONDAS, um romance com a chancela do DOM QUIXOTE, onde o autor trata temáticas que lhe são muito caras: as relações amorosas, as relações de amizade, as relações políticas, etc. A figura central de toda a narrativa é um certo Lívio, que estivera exilado para não fazer a guerra colonial. Regressa com o 25 de Abril e chega a ser deputado pelo MDP. Casou com Sabina, mas este homem não se contentava em sê-lo de uma só mulher. Sabina não encaixa a promiscuidade de Lívio e  põe termo à relação já com Lívio ministro da justiça de um governo de direita.
     A relação de Lívio com Mafalda é uma relação sem grandes compromissos, porque à primeira todos caem… Encontram-se, mas Mafalda nunca terá a preponderância que Sabino tivera na vida de Lívio. Esta, apesar da formação académica e do jeito para a pintura, é uma mulher frívola.
     António Pedro, que é Conservador, é o melhor amigo de Lívio, ou seja, assim como que um seu alter ego. É aquele que tudo faz metodicamente, sem grandes rasgos, mas que mantém a coerência primordial. E curiosamente, coisa que já vinha de longe, vive na dependência sexual dos arranjinhos do amigo. Incluindo Sabina e Mafalda, no seu magro rol.
     Nesta ficção de UTR, Lívio, o ministro da justiça, ao aperceber-se de que o ministério a que pertence quer privatizar a justiça, demite-se.
     Estruturalmente o romance pode-se dividir em quatro partes, tratando cada uma delas de uma das quatro personagens principais do romance, que termina com uma longa carta de António Pedro a Sabina, onde, no fundo, analisa a sua relação com as restantes personagens, revelando-se também a si mesmo.
     É um romance escrito com a habilidade, o talento e a delicadeza que UTR põe em tudo o que faz.

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