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Santa Iria de Azóia, 27 de Outubro de 2000 - Duro e perseverante é o trabalho dos artífices da palavra. Quem, como o poeta, tem de escolher, entre milhentas, a palavra mais suave ou violenta, mais subtil ou rude, mais elegante ou grosseira, mais rica ou humilde, mais poética ou prosaica, mais aristocrática ou plebeia?

     O Romantismo semeou a ideia de que os poetas eram seres de inspiração divina. E poetas houve que ajudaram a criar esse mito. Nada mais contrário à verdade. O grande Bocage, apesar de ter passado à História com fama de repentista, é óbvio que não respondia ao abade José Agostinho de Macedo com quadras de decassílabos heróicos.

    Todo o trabalho de criação exige paciência infinita, muita dedicação e trabalho, trabalho, trabalho. Falo dos poetas e também dos escultores, dos músicos e dos pintores.