sábado, 13 de outubro de 2012

DO MEU DIÁRIO

Inst. Camões
Lisboa, 3 de Julho de 1995 - Todas as grandes histórias de amor, em literatura, pressupõem uma série de amores medíocres, grosseiros, reles. El Amor en los Tiempos del Cólera de Garcia Marquez não podia constituir uma excepção.
     Florentino Ariza, que por amor de Fermina Daza tudo fez, resistiu às relações carnais até ao dia em que.... Depois de uma perturbante violação, lhe calhou em sorte uma viúva, que foi a pedra de toque para um sem número de aventuras.
     O leitor chega a ter náuseas por este Florentino que, preso à ideia de se ligar a Fermina, deseja a morte de Juvenal Urbino, que virá a morrer por causa do seu papagaio. Florentino torna-se um verdadeiro coleccionador de mulheres, um verdadeiro caçador sem escrúpulos, em cujas veias corria a volúpia de Afrodite. Numa palavra, Florentino é o cão que fareja o rabo das cadelas com cio. 
     A estória, é óbvio, não podia acabar assim. E lá vemos, no final, em tempos de cólera, rio-abaixo-rio-acima, Fermina e Florentino, finalmente unidos para o resto da vida. Perto dos oitenta anos, coño! Duas conclusões: vence quem persiste; no coração humano, mesmo no mais empedernido, há sempre um espaço e um tempo para a ternura.

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