sábado, 6 de outubro de 2012

DO MEU DIÁRIO


Sesimbra, 6 de Outubro de 2012 – A ideia de que os partidos são todos iguais fez caminho e a esmagadora maioria dos portugueses aceita-a de forma mais ou menos acrítica; porém, nem todos os partidos são iguais e nem todos têm as mesmas responsabilidades pelo actual estado de Portugal.
     É verdade que a democracia parlamentar, no actual estádio do nosso viver colectivo, evidencia um sem número de vicissitudes e defeitos, que leva muitos cristãos à descrença. Começa a fazer estrada a ideia de que a coisa só lá vai com governos tecnocráticos, nos quais sejam preponderantes técnicos sérios e não comprometidos com os partidos. Ainda que a ideia possa ser simpática, e aceitável em tese, creio que não é exequível no plano democrático.
     Eu creio que há um problema maior em Portugal e que esse problema se chama justiça. E se nos revoltamos muito com o poder político, nomeadamente com a Assembleia da República, creio que nos estamos a revoltar contra nós mesmos, não assumindo tal facto, e transferindo o descontentamento para aqueles que escolhemos.
     É verdade que os principais partidos, aqueles que se auto-intitulam do arco da governação, muitas vezes prometem a terra e o céu para depois, quando ascendem ao poder, fazerem exactamente o contrário. Foi o que aconteceu com o actual executivo, que ultrapassou todos os limites. Este governo já não tem legitimidade e deveria ser demitido o mais depressa possível, sob pena de daqui a semanas ou meses já ser tarde de mais.
     O cancro da sociedade portuguesa é a justiça, que não julga a tempo e horas e tem sempre dois pesos e duas medidas. Qualquer pilha galinhas é rapidamente condenado, enquanto os grandes galifões ficam quase sempre impunes. Alguns, litigantes de má fé, até brincam com a justiça. É esta sensação de impunidade, que a justiça deixou instalar, que nos leva também à descrença no sistema judiciário. E sem este pilar do Estado de Direito a funcionar, nada funcionará bem em Portugal. Estamos todos reféns de uma justiça célere e justa.

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