quarta-feira, 10 de outubro de 2012

DO MEU DIÁRIO


Charneca da Cotovia, 1 de Maio de 2008 – Há, no actual governo da Lusitânia, um senhor de apelido Figueiredo e de nome João, João Figueiredo, portanto, que é suposto tratar dos chamados funcionários públicos. Tratando-se de alguém que dirige e trata dos funcionários públicos, era natural que entre mim e este senhor existisse uma certa empatia, porque sou um desses funcionários de quem o senhor anda a tratar.

     Acontece, todavia, que entre mim e o senhor de apelido Figueiredo e de nome João, não existe da minha parte qualquer empatia, o que não deixa de ser bizarro, porque, habitualmente, até gosto de alguns patuscos que nos governam. Gosto de um indivíduo de apelido Pinho e de outro de apelido Lino, que até não são patuscos, um que nos trata da economia e o outro das pontes, dos aeroportos e estradas maiores, que dos chamados caminhos vicinais tratam os presidentes de junta de freguesia. E deste Lino confesso que até gosto muito e talvez o meu gostar radique naquela sua pronúncia da palavra francesa”jamais”, que significa jamais em português.

     Eu sei porque não gosto do senhor de apelido Figueiredo e de nome João e vou dizer porquê. É que o senhor esboça sempre um sorriso, mesmo quando anuncia coisas ruins. Eu até ponho de lado as percentagens que o senhor apresenta nos dias de greve; porém, dizer que é bom aquilo que todos dizem que é mau, é como se eu fosse a Fátima dizer, num dia treze de Maio, à hora das grandes celebrações, que a nossa senhora nunca andou por ali e que os santos pastorinhos eram uns putos com mentais perturbações; ou então, entrar num velório a arreganhar a sanfarrizófia, que eu não sei bem o que é arreganhara sanfarrozófia, mas ainda hei-de saber, quando me lembrar de perguntar ao meu querido pai, que destas coisas sabe tanto, que escuso de ir a Delfos.

     Mas se calhar estou enganado, porque continuo arreigado a velhos princípios, quando tudo recomenda a adesão a princípios novos, ou melhor dizendo, renovados e em sintonia com a marcha (i)nexorável dos tempos, como por exemplo o lambe-botismo, que eu não sei bem o que seja, mas que vai grassando na área tutelada por este senhor de apelido Figueiredo e de nome João. E quedo-me por aqui, com a seguinte pergunta:

QUE TERÁ TUDO ISTO A VER COM O 1º DE MAIO?


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