sábado, 27 de outubro de 2012


POEMA XV

Seremos sempre cúmplices do silêncio
nada mais vagueia no
infinitamente grande espaço
só o chocalhar dos rebanhos
que também se chama solidão

só o cantar longínquo
das feras tão perto de nós
fora das águas e dos abrigos
apenas o rasto desaparecido
de tantas figuras e humanas
criaturas tão terrenas

apenas teu o cabelo de princesa
o rosto vagabundo da noite
contigo debruçada sobre a mesa

Ribeiro, José Antunes, FRAGMENTO E ENIGMA, Ulmeiro, Lx., 1985

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