terça-feira, 11 de setembro de 2012

QUANDO OIÇO FALAR DE PATRIOTISMO

     A pátria... De novo e sempre a pátria!
     Outrora, a palavra era grave e fagueira e provocava em mim, quando a ouvia ou pronunciava, um mar de emoções. Associava-a a sítios formosos e a bravos cavaleiros medievos e a subidos valores, que, pensava, constituíam a minha identidade. Era a terra de meus avós - nenhum deles egrégio -, mas que a trabalhavam e  amavam e nada lhe pediam em troca.
     Longe vão esses tempos de sonhos pueris!... A criança cresceu e já não cede às emoções. Doce e suave é agora falar da pátria com indiferença, com a soberana indiferença de não lhe dever nada nem dela nada querer. E bom será que ela nunca de mim se lembre nem nada queira,  para que eu possa ser sempre ignoto e feliz.
      Nesta hora – oh, que sublime fim de tarde! -, a pátria é apenas a terna memória que guardo de meus avós – nenhum deles egrégio -, mas que a amavam e nada lhe pediam em troca.

in FRAGMENTOS COM POESIA, Ulmeiro, 2005 

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