terça-feira, 25 de setembro de 2012

CESÁRIO VERDE,
UM POETA CITADINO QUE AMAVA
O CAMPO E A NATUREZA


Lisboa, 23 de Maio de 1994 – Todos os anos, em Maio, me reencontro com Cesário Verde. Grato reencontro, diga-se, porque me permite falar do maior poeta português do séc. XIX, e, quiçá, um dos maiores da nossa História da Literatura.
        Ouve-se dizer, com alguma frequência, que Portugal é um país de poetas. Não compartilho desta opinião, que rejeito totalmente, porque no século passado só temos quatro nomes para reter: Garrett, Antero, António Nobre e Cesário Verde. Então parece-me mais adequado falar-se de país de versejadores. Mas é de Cesário que quero falar.
        Foi curta a vida de José Joaquim Cesário Verde. Decerto, porque Deus não podia dispensar, junto de si, a voz pouco hierática do autor d' O Sentimento dum Ocidental, para que tudo no céu continuasse eternamente equilibrado. Deixou, contudo, marcas indeléveis na sua passagem breve pela Terra. A Cesário se haveriam de referir dois dos heterónimos de Pessoa: Campos e Caeiro. Um para lhe chamar «Mestre»; o outro para lhe lamentar a desgraça de ser um camponês preso, mas em liberdade, pelas ruas de Lisboa. Ambos tinham razão. Sem Cesário, digo eu, não tinha existido Campos tal como o conhecemos. Na verdade, Cesário, um poeta citadino, amava muito o campo e a Natureza. E a cidade.

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