segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Ed. COLIBRI
Charneca da Cotovia, 10 de Setembro de 2012 – Li com vivo interesse o livro MEMÓRIAS DO TEMPO DA OUTRA SENHORA, da autoria de Hernâni Matos, meu amigo aqui no feicebuque. É um livro importante, e muito interessante, que, sendo de memórias do autor, é fundamentalmente uma obra de cariz etnográfico.
     Escrito num estilo vivo - com recurso ao vocabulário mais vernáculo quando necessário -, o autor faz perpassar perante os olhos de quem lê o Portugal dos anos 50-60, que, apesar, de algumas diferenças geográficas, apresenta traços identitários de norte a sul. É certo que eu nunca fui comprar “entretim amarelo” no dia 1 de Abril, mas fiz outras coisas e houve muita gente que foi comprar electricidade em pó. E também corri as ruas da Mata com a jante da bicicleta,  os aros dos caldeiros e também imitámos na escola primária os filmes de “Cow Boys”, nomeadamente o Bonanza, fazendo um companheiro de cavalo e o outro de “cavaleiro”, em correrias pelo recreio da escola. E também nós relinchávamos para conferirmos mais autenticidade à brincadeira.
      O Professor Matos conferiu, neste seu livro, uma importância extraordinária ao acto de brincar. De facto, brincar é o trabalho das crianças. E aprender, mais tarde, as matérias escolares de modo a que cada homem possa ser menos dependente das tecnologias, que veiculam um conhecimento formatado e até ideológico. A crítica ao Magalhães é bastante contundente. Quiçá excessiva.
     Parabéns ao coleccionador de botões – e de muitas outras coisas - por ter escrito este livro, que se lê de um só fôlego e enriquece a etnografia portuguesa.     

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