sexta-feira, 16 de novembro de 2012

     Guardai, guardai para mim, laranjas de Jafa!


Ó heróicas mães da Palestina, que rios de lágrimas tendes vertido, acreditai-me: melhores dias virão! Acreditai, ó amigas minhas, que nem o próprio dilúvio foi eterno como escreveu um dia o poeta Bertolt Brecht.
     Por favor acreditai que eterno não será também o vosso sofrimento!
     Neste tempo de cólera, de ódio sem fim, eu temo, ó minhas irmãs, que até estas palavras que quero amáveis vos possam magoar. Quem sou eu para vos aconselhar a acreditar? Quem melhor do que vós, ó sublimes heroínas, tem dado lições inenarráveis de coragem e tenacidade?
     Sim, sou desde há muito um vosso companheiro de estrada – passe o lugar comum, que os algozes criticam -, que quero um dia percorrer os caminho de Jericó e abraçar-vos em Lida, Belém, Ramallah e Jerusalém.
     E à porta de vossas casas, quero comer tâmaras e laranjas e celebrar convosco a paz e a concórdia. Nesse dia, ó minhas irmãs, guardai, guardai para mim, laranjas de Jafa!

in FRAGMENTOS COM POESIA, Ulmeiro, Lx., 2005

Sem comentários:

Enviar um comentário