quarta-feira, 7 de novembro de 2012

DO MEU DIÁRIO


Lisboa, 4 de Novembro de 2002 – Saramago, cujo nome não terei escrito meia dúzia de vezes desde Outubro de 1998, vai publicar um novo romance esta semana. O objecto chama-se O Homem Duplicado e tem a chancela da Caminho. E pelo que já se vai dizendo, será um acontecimento grande, até porque coincide com o seu octogésimo aniversário.
     As próximas semanas prometem, pois, algumas curiosidades, porque os paquidermes lusitanos não dormem e não deixarão de lembrar a estada de Saramago no “Diário de Notícias”, no longínquo ano de 1975, a sua condição de militante do PCP, o facto de residir em Espanha, a sua incorrigível altivez, a sua disponibilidade para ser solidário com certas causas, passe o lugar comum, politicamente incorrectas, etc., etc. Portanto, nada do que será dito terá a ver com critérios literários, mas sim com as merdices que fazem de nós um povo anão.
     Até o meu amigo Inácio, que nunca leu uma linha do autor de O Ano da Morte de Ricardo Reis, quis hoje mordiscar o nosso Prémio Nobel da literatura. Dei-lhe para trás, porque não tem competência para falar do que não sabe. E quando a ignorância se mostra atrevida, temos que lhe pôr um travão na roda. Gosto e prezo muito os meus amigos, mas sou com eles exigente, como agradeço que o sejam comigo. Não sou um saramaguiano incondicional, mas reconheço no autor qualidades para o considerar, sem quaisquer favores, um dos melhores escritores portugueses de ficção narrativa de todos os tempos. Com certeza que há outros grandes que também mereceriam o Nobel, mas isso é outra história!

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