sábado, 10 de novembro de 2012

DO MEU DIÁRIO


Santa Iria de Azóia, 10 de Novembro de 2012 – Angela Merkel, essa assustadora figura que manda na Europa, vem a Portugal, na próxima segunda-feira. Vem para visitar o presidente da república, almoçar com o primeiro-ministro e fazer discurso no Centro Cultural de Belém, perante empresários. E ainda para responder a quatro perguntas, duas formuladas em alemão e duas em português.

     Portanto, a senhora Merkel não vem visitar o povo português. Vem visitar amigos portugueses, aliás, alguns amigos portugueses, entre os quais eu não me incluo. E creio que a maioria dos portugueses também não, porque se a senhora fosse bem-vinda, não vinha por umas escassas cinco horas e teria pelo menos o arrojo de ir depositar uma coroa de flores no túmulo de Camões.

     Acerca desta terrível figura, para quem Passos Coelho olha enternecido, têm corrido – ou feito percurso – duas narrativas assaz interessantes: na primeira, os seus amigos ideológicos apresentam-na como uma amiga de Portugal e da Europa, que nas horas decisivas diz presente e ajuda. Nunca referem os estragos provocados, no ínterim; a segunda, sustenta que a senhora Merkel foi contra o chumbo do PEC-IV, que, não o tendo sido, nos teria poupado a toda esta austeridade gratuita. É a narrativa dos hão-de substituir os actuais mandantes.

     Estamos a falar da senhora Merkel, essa indesejável figura que manda na Europa e para a qual Passos Coelho olha embevecido, ou seja, a mesmíssima pessoa que fala de austeridade para mais cinco anos. Cinco ou mais, porque as suas previsões e as dos seus são tão credíveis como as minhas.

     Estamos a falar de uma pessoa que não é bem-vinda a Portugal, porque é a mentora e está ao lado dos que acham que andámos todos a gastar de mais; porque é a figura tutelar daqueles que querem o empobrecimento do povo a todo o vapor; porque pertence ao grupo que quer mandar às malvas as conquistas civilizacionais europeias do pós-guerra.

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