quarta-feira, 18 de setembro de 2013


BENDITAS SEJAM AS NOSSA OLIVEIRAS
 

     Viram-te nascer e conhecem de cor os teus segredos. Foram a tua companhia, silenciosa e segura, durante centenas de anos.

     Deram-te sombra, nem sempre boa, é certo, nos tórridos dias do verão; a luz possível, antes do advento da eletricidade; o calor nos invernos, às vezes, tão longos e rigorosos; o tempero para a panela pobre, que tornava o feijão e a couve menos ásperos; o dinheiro para muitos dos restantes e indispensáveis bens.

     E como a generosidade foi recíproca, também é justo que não olvidemos o muito e aturado trabalho, e até servidão, que foram exigindo a sucessivas gerações.

     De qualquer modo, moldaram-te o carácter. Com elas aprendeste a mansidão e a austeridade. Por isso mesmo, nunca foste dada a sobressaltos e a paixões. Em toda a minha vida, apenas ouvi falar de um crime passional, perpetrado por um homem, a quem o amor de uma mulher não quis servir. Foi muito antes de eu ter nascido e já passei há muito pelos cinquenta.

     Benditas sejam para sempre as nossas oliveiras!

 

 

 

 

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