segunda-feira, 18 de março de 2013

DO MEU DIÁRIO

Lisboa, 3 de Julho de 1995 - O PS e o PSD, sabe-se, são dois partidos com vocação para o exercício do Poder. Os restantes da panóplia também e por isso existem. Porém, no momento presente, são estes e não outros que hão-de governar Portugal.
     O que me perturba nesta realidade, não é o facto de existirem dois partidos com vocação de poder. O que me perturba e constitui uma perversão da democracia portuguesa é o facto destes dois partidos não permitirem aos portugueses uma verdadeira alternativa, porque, tirando a questão das liberdades cívicas e dos direitos e garantias dos cidadãos, o PS é demasiado igual ao PSD. É demasiado igual em matéria económica e financeira; é demasiado igual no modelo de construção europeia; é demasiado igual na apetência pelos tachos; é demasiado igual no querer sorver a manjedoura do orçamento até ao tutano.
     A alternativa, para ser verdadeira, não pode situar-se apenas ao nível da retórica. O PS tem de dizer o que quer em matéria de política agrícola; tem de dizer como vai restaurar o nosso caduco e moribundo tecido industrial; tem de dizer o que vai fazer em matéria de justiça tributária; tem de dizer o que vai mudar em matéria de política social.
     Se chegar ao poder e não praticar uma política diferente, nomeadamente uma política social diferente, o PS voltará, sem apelo nem agravo, ao purgatório dos últimos dez anos. E merecidamente.

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