segunda-feira, 18 de março de 2013

DO MEU DIÁRIO


Lisboa, 28 de Abril de 1994 - Portugal é, nos tempos que passam, um país de proxenetas. Não admira, assim, que volte a perder a oportunidade que lhe foi oferecida com a integração na UE. Nos nossos campos, não florescem mais oliveiras, pessegueiros e laranjeiras do que anteriormente. Os nossos campos foram povoados de jeeps e outras máquinas de quatro rodas, que nunca hão-de produzir um alqueire de trigo, cevada ou aveia. Onde outrora ondulavam searas verdejantes, há agora coutadas quase desertas, para os tecnocratas se libertarem, ao fim-de-semana, do «stress» dos seus quotidianos indiscutivelmente movimentados, mas quantas vezes inúteis.
        A indústria definha, apesar dos muitos milhões de contos que lhe têm sido insuflados para se modernizar. Acontece, todavia, que a desejada modernização passou simplesmente pela aquisição de equipamento informático e não pelo equipamento indispensável ao sector produtivo. Por conseguinte, aumentou o desemprego e diminuiu a produção e a competitividade. Neste sector, se não estou em erro, as grandes maquias foram gastas na aquisição de BMW(s) e na construção de palacetes.
        É este o retrato do meu país. Indiscutivelmente um retrato pessimista, mas verdadeiro. Porque Portugal é um país de bácoros, que sugam vorazmente a teta da UE.

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