segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

DO MEU DIÁRIO


 Santa Iria de Azóia, 3 de Maio de 1994 - Torga tornou-se uma referência obrigatória na nossa literatura contemporânea. Tem-se falado muito dele para prémio Nobel. Se tal vier a acontecer, saudá-lo-ei neste diário.

        Não considero Torga um artista excepcional. Reconheço, contudo, que perseverou toda uma vida na defesa dos valores da terra portuguesa. A sua poesia e a sua prosa são feitas com palavras elementares, como elementares resultam as suas ideias. Mas possuem aquela verosimilhança, aquela autenticidade, que nos conquistam de imediato. Bom seria que outros criadores tivessem o dom de nos seduzir como o autor d ‘ Os Novos Contos da Montanha.

        Homem de cerviz direita, é um daqueles portugueses que podemos indicar como exemplo aos nossos filhos, num tempo em que por cá pululam os mais submissos invertebrados; num tempo em que as mais impudicas canalhices caíram na banalidade; num tempo em que a lei é o safe-se quem puder.
     Torga é, antes de mais, uma referência ética. 


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