sábado, 7 de dezembro de 2013

DO MEU DIÁRIO


        Santa Iria, 3 de Maio de 1994 - Mentiria se escrevesse, aqui e agora, que a morte não me preocupa. Preocupa-me diariamente, e, sobretudo, porque os meus filhos carecem de cuidados, de afecto e de pão. E aos quarenta e dois anos de idade, não tenho pé-de-meia que lhes permita enfrentar a vida.

        Não temo a morte, porque sei da sua inevitabilidade desde pequenino. Não temo a morte, porque não acredito num qualquer juízo final. Não temo a morte, porque não tenho grandes coisas para fazer.

        E mesmo que tivesse, a terra não deixaria de girar à volta do sol.     

                                                                          

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