sexta-feira, 24 de agosto de 2012

DO MEU DIÁRIO (conclusão)


Santa Iria de Azóia, 24 de Agosto de 2012 – O ensino liceal era, na verdade, mais exigente do que o ensino técnico-profissional ministrado nas escolas comerciais e industriais. Não era por acaso que se reprovava muito nos liceus; indo os alunos medíocres enxotados dos liceus para o curso comercial, nomeadamente, onde, mesmo assim, demonstravam possuir uma melhor preparação, no concernente às línguas e até à matemática. Apesar de chumbados, chegavam ao ensino técnico melhor preparados. Ponto.
     O que antes se disse, não significa que os alunos das escolas técnicas fossem menos inteligentes do que os liceais. Era a natureza do ensino e a exigência que ditavam toda a diferença. As escolas técnicas, ao contrário dos liceus, tinham corpos docentes menos estáveis e muitas vezes pouco preparados. Eram um refúgio para pré-licenciados, nomeadamente de direito, que apareciam nas escolas comerciais a ensinar Português, História, Economia Política, Noções de Comércio, Direito Comercial, etc. Houve um tempo em que antigos alunos com o sétimo ano dos liceus ensinavam línguas nas escolas técnicas.

     Havia docentes competentes, é claro que havia. Lembro-me de muitos alunos do ensino nocturno me terem falado com imenso respeito acerca de muitos professores. Eu próprio posso testemunhar que Artur Maurício, jovem procurador, ter sido meu professor de Noções de Direito Comercial, e que era um ensinante brilhante, mas muito exigente. Chegou a Presidente do Constitucional e foi um magistrado de eleição.
     Eu concordo com um ensino técnico-profissional de exigência e qualidade - sou um antigo aluno desse tipo de ensino - porque sou radicalmente contra a parolice nacional do Dr., que tantas chufas inspirou contra o ilustre ministro Miguel Relvas. Portugal precisa de cursos técnico-profissionais modernos e direccionados para o desenvolvimento e a modernização do país. Portugal precisa de bons fazedores e de menos generalistas. Sim, de menos doutores.    

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