sábado, 1 de dezembro de 2012

DO MEU DIÁRIO



Santa Iria de Azóia, 15 de Dezembro de 2002 – Este Outono – sobretudo este mês de Dezembro -, faz-me lembrar a atmosfera do ano do regresso de Ricardo Reis a Lisboa pela mão de Saramago.
     Com efeito, naquele já longínquo ano de 1935, no regresso dessa figura de papel de Pessoa e Saramago, o tempo que fazia em Lisboa era em tudo idêntico ao deste ano: chuva e nevoeiro. Bem sei que aquela atmosfera era indispensável para o que viria a seguir: os tempos sinistros da criação e instalação das estruturas repressivas do Estado Novo, o cinzentismo dos servidores do regime, a implacável chuva que havia de fustigar os portugueses durante quase cinco décadas. Noto, contudo, a similitude das atmosferas. E fiquemos por aqui, que os tempos não estão para brincadeiras.
     Este tempo deprime-me. Já tenho saudades de duas semanas de sol. Não fosse a temperatura mais ou menos amena e dir-se-ia que a cidade branca se começa a parecer com a soturna Londres. Mas o sol há-de regressar em força, o sol tem de regressar em força, porque este país sem a luz e o calor do grande sol torna-se insuportável.



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