terça-feira, 18 de dezembro de 2012

A MINHA INFÂNCIA    
 A minha infância decorreu nas saudosas ruas da Mata, térreas até muito tarde - bem mais amplas que o pátio sevilhano de António Machado - e também no quintal da nossa casa, onde meu pai plantou árvores de fruto, nomeadamente, figueiras e laranjeiras.
     Até aos sete anos, também percorri aqueles olivais igualmente saudosos, acompanhando minha mãe e meu pai, ambos assalariados rurais. Meu pai, que aprendera uma profissão, gostava de trabalhar no campo, porque era em estreita comunhão com a terra e com as árvores que melhor se sentia.
     Era um homem divertido meu pai. Gostava de cantar e dançar e rir (ah, mas quando era injustamente contrariado, tínhamos homem para uma valente discussão!). Não havia festa familiar em que não desafiasse as minhas tias para um pezinho de dança.
     Herdei de meu pai, e também de minha mãe, o amor pela terra e pelas árvores. Por isso, todos os dias contemplo as minhas roseiras e o limoeiro e tudo e que planto e semeio no meu jardim.
     Como Machado toda a beleza me seduz e fascina; porém, verifico agora que me mantenho fiel à velha estética de Ronsard, mantendo as rosas nos meus textos.

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