domingo, 12 de janeiro de 2014

FERIDA
                            Com David Mourão-Ferreira na memória


Ah, dói tanto esta ferida
Que trago no coração.
É por te não ver, querida,
Que não tenho outra razão.

Preciso de te falar,
De te abrir o coração.
Não posso já abafar
A minha inquietação.

Tenho o veleiro ancorado
E sinto forte a aragem.
Vem amor tão desejado
Para esta nova viagem.

Vamos sulcar largos mares
À aventura e sem medo.
Quero mostrar-te lugares,
Contar-te um velho segredo.

Vem! Vamos neste veleiro,
Hoje, já, sem rota certa.
Vem meu amor feiticeiro

A porta está sempre aberta.

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