sexta-feira, 26 de julho de 2013

SOBRE A AMIZADE

 

       Até muito tarde, quando perdia um amigo, barricava-me no meu labirinto e vivia então momentos de verdadeira expiação e melancolia.
     Aprendi mais tarde – e só eu sei quão dura e longa foi essa aprendizagem! –, que as amizades podem ser duradoiras ou efémeras como as restantes coisas e sentimentos.
     Ao contrário de Narciso, só muito tarde aprendi a gostar de mim. Embriagado com os problemas dos homens e do mundo, sempre em movimento, fui também, até muito tarde, um território em permanente guerra civil, sem tempo e sem espaço para grandes congeminações.
     E não há qualquer contradição entre os tempos de expiação e melancolia e os tempos de guerra civil.
     Assinado o armistício, reconciliado comigo e com o mundo, encontrei tempo e espaço para pensar e amar (-me). Para descobrir, finalmente, que as amizades podem ser duradoiras ou efémeras como as restantes coisas e sentimentos.

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