quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

NOTA DE LEITURA



A MULHER QUE VENCEU DON JUAN de Teresa Martins Marques é um excelente romance, que vai, seguramente, dar muito que falar nos tempos mais próximos. Por várias razões, entre as quais avultam: o tema central, a violência doméstica, que é “transversal a todos os estratos da sociedade”; a qualidade da escrita, que revela uma autora capaz de utilizar a língua portuguesa com grande mestria, nos mais diversos registos; a inscrição na matéria romanesca da própria crise que a sociedade portuguesa atravessa, na actualidade.

     A MULHER QUE VENCEU DON JUAN agarra o leitor no primeiro parágrafo e o mais apetrechado não deixará de lembrar Bernardim: ”Saudades, só tenho do mar. Da vista do mar da Foz. Por mais que pense que o Atlântico é o mesmo, este que vejo aqui da janela do Monte da Caparica não o sinto como meu. A Foz era outra coisa”. Mas esta “menina e moça”, Sara, que casa aos dezassete anos com um médico, o cirurgião plástico Amaro Fróis, por imposição dos pais, dá imediatamente conta ao leitor da sua vida fútil e deixa adivinhar a má relação que tem com o marido. Depois, depois o livro lê-se num ápice, porque as trezentas e vinte e quatro páginas estão recheadas de peripécias múltiplas, onde a par da narrativa principal, outras narrativas se vão encaixando, sem nunca perder de vista o tema central da obra, ou seja, a violência doméstica.


     Não olvidarei, seguramente, Sara, Amaro, Paulo, Lúcia, Luís, Joana, Odete, Maria, Manaças, Francisco, etc., o que augura um destino auspicioso para este romance. 

Marques, Teresa Martins, A Mulher que Venceu Don Juan, Editora Âncora, Lx., 1ª ed.,
Nov. 2011.

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