segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

CIRCULAÇÃO


É para vós que eu canto, infímas coisas
transbordando de frutos e perfume,
que haveis permanecido como rumo
à directriz da vida,
                                      meu repouso
isento d'ambições e d'avarezas
feito d'instantes a prover alívios
com palavras de sol e gestos d'ouro:
-pequenas coisas quase sem medida
que foram pão e água sobre a mesa.

Nada vos consumiu. Por isso canto
a grandeza da vossa companhia

nos glóbulos vermelhos do meu sangue
que do passado vogam ao porvir. 

Salvado, António, Águas do Sono, Ulmeiro, Lx., 1ª ed., 2003      

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