domingo, 18 de março de 2018

A CRIANÇA CRESCEU


     

A pátria... De novo e sempre a pátria!

     Outrora, a palavra era grave e fagueira e provocava em mim, quando a ouvia ou pronunciava, um mar de emoções. Associava-a a sítios formosos e a bravos cavaleiros medievos e a subidos valores, que, pensava, constituíam a minha identidade. Era a terra de meus avós - nenhum deles egrégio -, mas que a trabalhavam e amavam e nada lhe pediam em troca.

     Longe vão esses tempos de sonhos pueris!... A criança cresceu e já não cede às emoções. Doce e suave é agora falar da pátria com indiferença, com a soberana indiferença de não lhe dever nada nem dela nada querer. E bom será que ela nunca de mim se lembre nem nada queira, para que eu possa ser sempre ignoto e feliz.

      Nesta hora – oh, que sublime fim de tarde! -, a pátria é apenas a terna memória que guardo de meus avós – nenhum deles egrégio -, mas que a amavam e nada lhe pediam em troca.


Sem comentários:

Enviar um comentário