Lisboa, 28
de Abril de 1994 - Portugal é, nos tempos que passam, um país de proxenetas.
Não admira, assim, que volte a perder a oportunidade que lhe foi oferecida com
a integração na UE. Nos nossos campos, não florescem mais oliveiras,
pessegueiros e laranjeiras do que anteriormente. Os nossos campos foram
povoados de jeeps e outras máquinas de quatro rodas, que nunca hão-de produzir
um alqueire de trigo, cevada ou aveia. Onde outrora ondulavam searas
verdejantes, há agora coutadas quase desertas, para os tecnocratas se
libertarem, ao fim-de-semana, do «stress» dos seus quotidianos
indiscutivelmente movimentados, mas quantas vezes inúteis.
A
indústria definha, apesar dos muitos milhões de contos que lhe têm sido
insuflados para se modernizar. Acontece, todavia, que a desejada modernização
passou simplesmente pela aquisição de equipamento informático e não pelo
equipamento indispensável ao sector produtivo. Por conseguinte, aumentou o
desemprego e diminuiu a produção e a competitividade. Neste sector, se não
estou em erro, as grandes maquias foram gastas na aquisição de BMW e na
construção de palacetes.
É
este o retrato do meu país. Indiscutivelmente um retrato pessimista, mas
verdadeiro. Porque Portugal é um país de bácoros, que sugam vorazmente a teta
da UE.
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