Lisboa, 6 de Fevereiro de 1997 - Álvaro Cunhal, apesar
da sua provecta idade, continua a ser notícia. Ora, porque um bom realizador
pega numa novela do velho Secretário-Geral e faz um bom filme: ora, porque
resolve escrever sobre estética e o faz com desenvoltura, explicando aos
profanos as grandes obras pictóricas e arquitectónicas mundiais; ora, porque
Jorge Sampaio, naturalmente generoso, o quer agraciar com a Ordem da Liberdade.
Contudo, este português generoso, que tudo sacrificou ao combate
político-ideológico, encontra sempre pelo caminho inimigos prontos a ajustar
contas, entre os quais um tal António Barreto. Percebo a posição de Barreto,
mas não a respeito. Porque Barreto é, acima de tudo, um vingativo. Ganhador
líquido do 25 de Abril, pelos inúmeros cargos a que teve acesso e onde, bem sei,
sempre contou com a oposição do PCP, desconhece a generosidade. Porém, por
muitos defeitos que o Dr. Cunhal tenha, as suas qualidades são superiores
àqueles, facto que fará do pensador e combatente comunista uma figura maior e
incontornável do séc. XX português. E isso dói a genebristas, saltapocinhas e
afins. Ter-me-ei explicado bem?
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