Santa
Iria de Azóia, 3 de Maio de 1994 - Torga tornou-se uma referência obrigatória
na nossa literatura contemporânea. Tem-se falado muito dele para prémio Nobel.
Se tal vier a acontecer, saudá-lo-ei neste diário.
Não
considero Torga um artista excepcional. Reconheço, contudo, que perseverou toda
uma vida na defesa dos valores da terra portuguesa. A sua poesia e a sua prosa
são feitas com palavras elementares, como elementares resultam as suas ideias.
Mas possuem aquela verosimilhança, aquela autenticidade, que nos conquistam de
imediato. Bom seria que outros criadores tivessem o dom de nos seduzir como o
autor d ‘ Os Novos Contos da Montanha.
Homem
de cerviz direita, é um daqueles portugueses que podemos indicar como exemplo
aos nossos filhos, num tempo em que por cá pululam os mais submissos
invertebrados; num tempo em que as mais impudicas canalhices caíram na
banalidade; num tempo em que a lei é o safe-se quem puder.
Torga é,
antes de mais, uma referência ética.
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