OUTONO
Está de volta o Outono
- Muita chuva e ventania -,
Agora tenho mais sono
Preguiça e melancolia.
Detesto os dias cinzentos
Com o céu ameaçador
E as noites longas e os ventos,
Que são, ó deus, um pavor.
Este Outono é muito triste:
Falta o trabalho e o pão.
E o povinho a tudo assiste,
Incapaz de dizer não.
Somos animais de carga
Ou de canga, tanto faz.
Dão-nos esta vida amarga
E mantém-se tudo em paz.
Entre o povinho rasteiro,
Que se mantém surdo e quedo
Sem trabalho e sem dinheiro.
Neste Outono quase Inverno,
Portugal está doente.
Isto vai ser um inferno,
Uf, um inferno inclemente!
Diz-se já que falta o pão,
Em muitas das lusas casas.
O casqueiro, patrões, não!,
Que isto vai ficar em brasas.
Quando chegar a tal hora,
A hora de toda a verdade,
Os da massa vão-se embora
E o povinho berrar há-de.
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