Guardai, guardai para mim, laranjas de Jafa!
Ó heróicas mães da Palestina, que rios de lágrimas tendes vertido, acreditai-me: melhores dias virão! Acreditai, ó amigas minhas, que nem o próprio dilúvio foi eterno como escreveu um dia o poeta Bertolt Brecht.
Por favor acreditai que eterno não será também o vosso sofrimento!
Neste tempo de cólera, de ódio sem fim, eu temo, ó minhas irmãs, que até estas palavras que quero amáveis vos possam magoar. Quem sou eu para vos aconselhar a acreditar? Quem melhor do que vós, ó sublimes heroínas, tem dado lições inenarráveis de coragem e tenacidade?
Sim, sou desde há muito um vosso companheiro de estrada – passe o lugar comum, que os algozes criticam -, que quero um dia percorrer os caminho de Jericó e abraçar-vos em Lida, Belém, Ramallah e Jerusalém.
E à porta de vossas casas, quero comer tâmaras e laranjas e celebrar convosco a paz e a concórdia. Nesse dia, ó minhas irmãs, guardai, guardai para mim, laranjas de Jafa!
in FRAGMENTOS COM POESIA, Ulmeiro, Lx., 2005
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