Bem vistas as coisas, tudo filtrado pelo inexorável
tempo – ah, essa misteriosa entidade, que protege todos os déspotas! -, a vida
decorria sem inquietações, até ao dia do dilúvio que devastou a nossa frágil
casa e nos trouxe horas e mais horas de infindável sofrimento e desespero.
Eu quis ser firme e decidido como os antigos almirantes e aguentar-me à tona das águas e ser paciente e acreditar que tudo teria uma solução. Destruída a casa, perdida a caixa onde guardara todos os sonhos, senti-me triste e fraco e deixei que as lágrimas aumentassem o caudal das águas.
Eu quis ser firme e decidido como os antigos almirantes e aguentar-me à tona das águas e ser paciente e acreditar que tudo teria uma solução. Destruída a casa, perdida a caixa onde guardara todos os sonhos, senti-me triste e fraco e deixei que as lágrimas aumentassem o caudal das águas.
As águas baixaram e a casa há-de reconstruir-se.
Irrecuperável, só a caixa onde guardara todos os sonhos. Ou quase.
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