A pátria... De novo e sempre a pátria!
Outrora, a palavra era grave e fagueira e provocava em mim, quando a
ouvia ou pronunciava, um mar de emoções. Associava-a a sítios formosos e a
bravos cavaleiros medievos e a subidos valores, que, pensava, constituíam a
minha identidade. Era a terra de meus avós - nenhum deles egrégio -, mas que a
trabalhavam e amavam e nada lhe pediam em troca.
Longe vão esses tempos de sonhos pueris!... A criança cresceu e já não
cede às emoções. Doce e suave é agora falar da pátria com indiferença, com a
soberana indiferença de não lhe dever nada nem dela nada querer. E bom será que
ela nunca de mim se lembre nem nada queira, para que eu possa ser sempre ignoto
e feliz.
Nesta hora – oh, que sublime fim de
tarde! -, a pátria é apenas a terna memória que guardo de meus avós – nenhum
deles egrégio -, mas que a amavam e nada lhe pediam em troca.
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