Está de volta o Outono
- Muita chuva e ventania -,
Agora tenho mais sono
Preguiça e melancolia.
2
Detesto os dias cinzentos
Com o céu ameaçador
E as noites longas e os ventos,
Que são, ó deus, um pavor.
3
Este Outono é muito triste:
Falta o trabalho e o pão.
E o povinho a tudo assiste,
Incapaz de dizer não.
4
Somos animais de carga
Ou de canga, tanto faz.
Dão-nos esta vida amarga
E mantém-se tudo em paz.
5
Já se nota bem o medo,
Entre o povinho rasteiro,
Que se mantém surdo e quedo
Sem trabalho e sem dinheiro.
6
Neste Outono quase Inverno,
Portugal está doente.
Isto vai ser um inferno,
Uf, um inferno inclemente!
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