A MULHER QUE VENCEU
DON JUAN
de Teresa Martins Marques é um excelente romance, que vai, seguramente, dar
muito que falar nos tempos mais próximos. Por várias razões, entre as quais
avultam: o tema central, a violência doméstica, que é “transversal a todos os
estratos da sociedade”; a qualidade da escrita, que revela uma autora capaz de
utilizar a língua portuguesa com grande mestria, nos mais diversos registos; a
inscrição na matéria romanesca da própria crise que a sociedade portuguesa
atravessa, na actualidade.
A
MULHER QUE VENCEU DON JUAN agarra o leitor no primeiro parágrafo e o mais
apetrechado não deixará de lembrar Bernardim: ”Saudades, só tenho do mar. Da
vista do mar da Foz. Por mais que pense que o Atlântico é o mesmo, este que
vejo aqui da janela do Monte da Caparica não o sinto como meu. A Foz era outra
coisa”. Mas esta “menina e moça”, Sara, que casa aos dezassete anos com um
médico, o cirurgião plástico Amaro Fróis, por imposição dos pais, dá
imediatamente conta ao leitor da sua vida fútil e deixa adivinhar a má relação
que tem com o marido. Depois, depois o livro lê-se num ápice, porque as
trezentas e vinte e quatro páginas estão recheadas de peripécias múltiplas,
onde a par da narrativa principal, outras narrativas se vão encaixando, sem
nunca perder de vista o tema central da obra, ou seja, a violência doméstica.
Não olvidarei, seguramente, Sara, Amaro,
Paulo, Lúcia, Luís, Joana, Odete, Maria, Manaças, Francisco, etc., o que augura
um destino auspicioso para este romance.
Marques, Teresa Martins, A Mulher que Venceu Don Juan, Editora Âncora, Lx., 1ª ed.,
Nov. 2011.
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