Quando o meu avô paterno partiu – dele
herdei o nome -, usei um fumo negro para cumprir a nossa tradição. Durante seis
meses, não dancei e nem sequer saltei às fogueiras pelo S. João.
Quando o meu avô materno expirou, usei
gravata preta na hora de o entregarmos à terra. E confesso que não senti, nem
mais nem menos, a sua definitiva partida.
Quando a minha avó Maria chegou ao fim,
não me lembro de ter posto uma gravata preta, porque coincidiu com o dia do
casamento da minha afilhada. Porém, assevero-vos que chorei muito o fim de
minha avó Maria.
Faz hoje cinco, cansado de resistir,
meu pai deixou-nos. A gravata preta tornou-se inevitável durante horas, porque
me competia receber quem dele se despedia. Quando o deixámos na terra
encharcada, fui para a nossa casa e tirei a gravata, ainda que por dentro fosse
– e continuo a sê-lo – um enorme pranto.
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