Eu guardo ainda, intactos, os odores dos frutos, dependurados no tecto da sala da casa de meus avós paternos: maçãs, cachos de uvas, dióspiros e romãs, que comíamos com parcimónia e que eram para nós os melhores frutos do mundo.
Eu guardo ainda, intactos, os timbres das vozes de todos os entes queridos, que se sentavam à volta da braseira, no centro da pequena sala, juntinhos, nos longos serões do Outono e do Inverno, à luz da candeia.
Eu guardo ainda, intactas, as histórias pueris que meu pai me contava e que fizeram a minha infância feliz.
Há tanto, tanto tempo…
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