quinta-feira, 25 de abril de 2013

DO MEU DIÁRIO


Santa Iria de Azóia, 25 de Abril de 2013 – Em 24 de Abril de 1974, cumpria serviço militar obrigatório no BC-6, em Castelo Branco. Fui jantar com os meus pais à Mata, aproveitando a boleia de João Rolo, um dos meus melhores amigos, naquele tempo. Era quarta-feira e regressámos à cidade, a fim de aí pernoitarmos. Eu, no 6 de Caçadores; o João, na casa onde se encontrava hospedado.
     A viagem decorreu normalmente; porém, na Casa dos Cantoneiros, ou seja, no local onde a EN 240 encontra a sua irmã 233, a cerca de seis quilómetros da capital da Beira Baixa, a GNR levava a cabo uma operação de fiscalização, que só não era normalíssima, porque envolvia mais efectivos. Mas nada que pudesse indiciar o que estava guardado para umas horas depois. O João deixou-me à porta-de-armas daquela unidade militar e seguiu viagem.
     Por volta das três e meia, o Luís Geraldes, sargento de dia à unidade, entrou nas camaratas dos cabos-milicianos e disse:”vamos levantar cambada! Há um golpe de Estado em marcha! Toca a levantar!” Levantei-me imediatamente e dirigi-me ao bar, onde comecei a ouvir a música que horas antes era impensável ouvir na Emissora Nacional, ou lá onde quer que estava sintonizado o rádio. Parecia não haver dúvidas. O golpe era para derrubar a ditadura. As horas seguintes passei-as ali, com outros camaradas, com a esperança íntima que tudo corresse bem. E correu: finalmente a LIBERDADE!

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